Costumava entrar no quarto e descontrair-se
Uma enigmática pintura de Lowry
Duas enormes caligrafias chinesas,
Uma ousada gravura indiana,
Janelas sobre um jardim de delícias.
Paz de espírito sempre assegurada.

Mas agora, junto à cama, uma moldura com um sorriso no rosto.
Quando encontra os olhos dela, o coração dispara como um combóio desgovernado.
A alma tenta arcar com todo um continente entre eles.

Viu isto acontecer na vida de outros.
Nunca empenhado numa busca de êxtase,
Passava por eles com irrisão e apreensão.

Convicto na generosidade do futuro,
Antecipando um tempo em que possam partilhar espaço e amor,
A esperança tornou-se na sua leal companheira.
 

M.Daedalus