deixando Paris
Helmut trauteia “Complainte de la Seine”
A cabeça ainda às voltas da noite passada
O pelotão honrou-o com uma festa de despedida
Última noite em Paris, último crepúsculo
de vida
Promovido, e com um novo comando - Leste!
Em 39 saudou os aliados Russos em Lublin
Ironicamente voltará a encontrá-los
em Odessa
Desta feita lutará por uma pátria em
retirada
Os holofotes dançam ao redor dos bombardeiros
A artilharia inimiga estabelece a pulsação
do tempo
Relembrando a esposa vaporizada em Dresden
E o seu irmão Hans, perdido sob o Atlântico
Aqui jamais foi um estranho, apenas um estrangeiro
Um jantar de fecho num dos seus restaurantes favoritos
Partilhando a camaradagem de uma cadeira vazia
Nesta noite Helmut preferiu existir abandonado
Lá fora a Place Blanche mantém-se igual
a si própria
As raparigas continuarão a rir das piadas dos
soldados
Somente as insígnias nos uniformes mudarão
Veio ao mundo numa terra derrotada, por isso está
sereno
As ruas do continente estão de novo profanadas
Botas americanas e inglesas marcham sobre a Europa
Helmut está pronto para dançar ao som
da música do século
Mas frequentemente interroga-se: “estará o
compositor louco?”
M.Daedalus |