janela do gabinete
Digo até amanhã à secretária.
Ela acena, e sorri elegantemente.
Fecho a agenda, pouso a caneta.
Involuntariamente releio uma manchete sobre o Benfica
Dobro e redobro o jornal e lanço-o na papeleira
Inspiro reclinando a cadeira
Pernas sobre o teclado, olhos na parede,
Um cartaz, três palavras: ‘Zeit ist Kunst’
Uma foto de satélite, sem traços de
humanidade
Atrás do computador uma parede de vidro
Esparsas gotas de água cintilam
Uma mariposa zigzagueia
A noite entrou discretamente
A lua decora a alameda
Lá embaixo as luzes da praça de Londres
O natal já chegou às copas das árvores
O trânsito arrasta-se penosamente
Não ouço o carrilhão, apenas
buzinas
Dois campanários enquadram um néon
Como sempre anuncia em luz azul ‘Tranquilidade’
Um bizarro farol num planeta náufrago.
M.Daedalus |
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