céu sobre Kishinev
Lanço-me no céu sobre Kishinev.
Sentado num campanário dourado, com a minha
armadura ferrugenta.
Inquieta fronteira entre a Europa Latina e Eslava.
Rios de automóveis esforçam-se através
dos meandros da cidade.
Uma babuska tenta barganhar um cachorro.
Uma parede delapidada grita "Dniestr livre".
Um jovem soldado sonha com o autocarro para Bucareste.
Silenciosamente um anjo senta-se a meu lado.
Um velho conhecido: o céu sobre Berlim.
Nunca aprendemos a extinguir o amor.
A quebrar as grilhetas do fascismo emocional.
Sempre abençoados por uma vida sem tempo,
Perenemente amaldiçoados por uma eternidade
sem vida.
Interrogamo-nos sobre as cores do mundo.
A que sabem as nuvens?
Qual é a fragrância da chuva?
Existe dor em sorrir?
As árvores têm memória?
As montanhas cantam?
Os golfinhos choram?
M.Daedalus |