M. Daedalus - POESIA / POETRY
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apartado de Riga

Gritos de alcatrazes introduzem um novo dia
Um leito desmesurado para uma solidão planetária
Lá fora o Pacífico-sul agita-se insolentemente
A Letónia cada vez mais uma memória obsessiva
Cerrando as pálpebras evado-me do presente

Riga regressa como um pensamento intemporal
As flores da manhã induzem enlevo no parque Uzvaras
Uma tarde rolando nas areias de Jurmala
Ao anoitecer vozes fundem-se no éter da ópera
Uma noite gelada tinge de suor o linho

A cidade é um soneto de tijolos e argamassa
O Daugava apascenta a alma do Báltico
Quebra-gelos ociosos supervisionam uma primavera fria
Um gato negro salta de nuvem em nuvem
Milda libera a essência de uma nação

Parti deixando "pátria e liberdade"
Lidosta acenou-me um demorado adeus
Um estrangeiro transformado em estranho
Caminhado em veredas improfícuas
O meu coração vive em permanente exílio

M.Daedalus

see also:
  • viagem
  • o aroma da paisagem
  • deixando Paris
  • primavera negra
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