apartado de Riga
Gritos de alcatrazes introduzem um novo dia
Um leito desmesurado para uma solidão planetária
Lá fora o Pacífico-sul agita-se insolentemente
A Letónia cada vez mais uma memória
obsessiva
Cerrando as pálpebras evado-me do presente
Riga regressa como um pensamento intemporal
As flores da manhã induzem enlevo no parque
Uzvaras
Uma tarde rolando nas areias de Jurmala
Ao anoitecer vozes fundem-se no éter da ópera
Uma noite gelada tinge de suor o linho
A cidade é um soneto de tijolos e argamassa
O Daugava apascenta a alma do Báltico
Quebra-gelos ociosos supervisionam uma primavera fria
Um gato negro salta de nuvem em nuvem
Milda libera a essência de uma nação
Parti deixando "pátria e liberdade"
Lidosta acenou-me um demorado adeus
Um estrangeiro transformado em estranho
Caminhado em veredas improfícuas
O meu coração vive em permanente exílio
M.Daedalus |