M. Daedalus - POESIA / POETRY
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mar da Irlanda

Ele olha para além do estuário do Mersey,
Tem as botas gastas, mas os pés intactos,
Preguiçosamente passeia na vazias docas de Liverpool.

Birnkenhead fica escondida pela chuva miudinha.
Um bando de gaivotas dispersas no lúgrebe céu.
Há ferrugem no ar e decadência na água.
Cães reviram o lixo de um poder que já não o é.

Sonhos de glória e de domínio há longo dissipados.
Apenas os fantasmas dos grandes clippers permanecem.
O império já não chega em contentores, o império vive aqui.
Nas vielas Asiáticos e Africanos falam com sotaque liverpudliano.

Decadência e violência dominam onde a ordem vitoriana prevalecia.
Bandos de turistas japoneses absorvem nostalgia barata.
As gentes da cidade não oferecem qualquer inspiração ao solitário vadio.
Mas o som de gaitas de foles lembra-lhe a sua Lusitânia nativa.
A sua identidade celta estaria confortável na outra orla do mar da Irlanda.
 

M.Daedalus

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